sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Sobre as Perseguições aos Cristãos


São fragmentos de fontes de época presentes no livro BETTENSON, Henry (ed). Documentos da Igreja Cristã. 3ª ed. São Paulo: Simpósio, 1998. Só digitei algumas, mas posso levar o livro para que tirem cópia de algumas outras fontes.

As Perseguições de Nero
Tácito, Annales, XV.44

Mas os empenhos humanos, as liberalidades do imperador e os sacrifícios aos deuses não conseguiram apagar o escândalo e silenciar os rumores de ter sido ordenado o incêndio de Roma. Para livrar-se de suspeitas, Nero culpou e castigou, com supremos refinamentos de crueldade, uma casta de homens detestados por suas abominações e vulgarmente chamados de cristãos. Cristo, do qual seu nome deriva, foi executado por disposição de Pôncio Pilatos durante o reinado de Tibério. Reprimida durante algum tempo, essa superstição perniciosa voltou a brotar, já não apenas na Judéia, seu berço, mas na própria Roma, receptáculo de quanto sórdido e degradante produz qualquer recanto da terra. Tudo, em Roma, encontra seguidores. De início, pois, foram presos todos os que se confessavam cristãos. Depois, uma grande multidão foi condenada não por causa do incêndio, mas acusada de ser o opróbrio do gênero humano. Acrescente-se que, uma vez condenados à morte, eles se tornavam objetos de diversão. Alguns, costurados com peles de animais, expiravam despedaçados por cachorros. Outros morriam crucificados. Outros ainda eram transformados em tochas vivas para iluminar a noite. Para esses festejos, Nero abriu de par em par seus jardins, organizando espetáculos circenses em que ele mesmo aparecia misturado com o populacho ou, vestido de cocheiro, conduzia sua carruagem. Suscitou-se, assim, um sentimento de comiseração até para com os homens cujos delitos mereciam castigos exemplares, pois se pressentia que eram sacrificados não para o bem público, mas para a satisfação da crueldade de um indivíduo.

A Política de Trajano para com os cristãos
Trajano a Plínio, Plin. Epp. X.XCVII

No exame das denúncias contra os cristãos, querido Plínio, tomaste o caminho acertado. Não cabe formular regra dura e inflexível, de aplicação universal. Mas, se surgirem denuncias procedentes, aplique-se o castigo, com a ressalva de que, se alguém nega ser cristão e, mediante adoração dos deuses, demonstra não o ser atualmente, deve ser perdoado em recompensa pela sua emenda, por mais que o acusem suspeitas relativas ao passado. Panfletos anônimos não merecem atenção em nenhum caso. Eles constituem um mal precedente e não condizem com os nossos tempos.

A Perseguição no reinado de Valeriano (253-260)
Cipriano, Ep. LXXX.I

Rumores falsos estão circulando. A verdade, porém, é esta: Valeriano enviou um Rescrito ao Senado ordenando que sejam castigados imediatamente os bispos, sacerdotes e diáconos; os senadores, cavaleiros e fidalgos romanos devem ser privados de suas propriedades e degradados; e, se persistirem na fé cristã, decapitados; as matronas, privadas de seus bens e desterradas. Qualquer membro da casa de César que confessou ou que ainda confessa ser cristão perderá seus bens e será entregue preso para trabalhos forçados nas terras do Imperados.

A Perseguição de Diocleciano (303-305)
Eusébio, História Eclesiástica, IX.X.8 e VII.XI.4-5

(...) uma lei foi promulgada pelos divinos Diocleciano e Maximiano, para abolir as reuniões de cristãos (...) Março de 303... Em todas as partes publicaram-se editos imperiais para que fossem arrasadas as igrejas, queimadas as Escrituras, depostos os oficiais e, caso persistissem na fé cristã, os seus familiares seriam privados de liberdade. Este foi o primeiro edito a circular entre nós. Outros decretos, pouco depois, se seguiram, dispondo que sejam encarcerados, em primeiro lugar os pastores das igrejas de todas as partes do império e induzidos, por qualquer meio, a sacrificarem aos deuses (...)

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